Retinoblastoma: uma luta pela visão e pela vida.
Tipo raro de câncer ocular, o retinoblastoma afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade. Embora seja uma doença grave, com o diagnóstico precoce, as chances de cura são significativamente altas, atingindo até 95% dos casos. A falta de informação e o desconhecimento sobre os sinais e sintomas da doença podem atrasar o diagnóstico, reduzindo as possibilidades de tratamento eficaz, por isso o dia 18 de setembro marca o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. O tumor maligno se origina nas células da retina, a parte do olho responsável por captar a luz e enviar as imagens ao cérebro e pode afetar um ou ambos os olhos e, em casos mais avançados, pode se espalhar para outras partes do corpo.
Os primeiros sinais do retinoblastoma muitas vezes, passam despercebidos. Um dos mais comuns é o reflexo pupilar branco, também conhecido como “reflexo do olho de gato” ou leucocoria, que pode ser observado em fotos tiradas com flash. Outros sintomas incluem o estrabismo (olhos desalinhados), vermelhidão ou inchaço no olho, pupilas de tamanhos diferentes, visão diminuída ou borrada e o nistagmo (uma condição médica que provoca movimentos involuntários e repetitivos dos olhos). A doença é descoberta durante exames de rotina no pediatra ou no oftalmologista através de exames como ultrassonografia ocular e ressonância magnética.
Quando há suspeita da doença, o mapeamento da retina sob anestesia é um procedimento essencial. Quanto mais cedo o tumor for identificado, maiores são as chances de preservação da visão e de cura completa. Em muitos casos, pode ser tratado com sucesso, se detectado em estágios iniciais, usando uma combinação de tratamentos, como quimioterapia, radioterapia, laserterapia ou cirurgia, o que varia conforme o estágio da doença, lembrando que o principal objetivo dos procedimentos é a cura, preservando a visão e, em casos mais avançados, salvando a vida da criança. O diagnóstico precoce reduz a necessidade de tratamentos mais agressivos, que podem ter efeitos colaterais significativos.
A conscientização sobre o retinoblastoma desempenha um papel vital na luta contra a doença. Campanhas de educação pública e treinamentos para profissionais de saúde são fundamentais para aumentar o conhecimento sobre os sinais precoces do câncer ocular e o incentivo ao diagnóstico deve ser uma prioridade. Por isso é importante a realização do teste do olhinho na maternidade, logo após o nascimento do bebê, e a realização de consulta com o oftalmologista para o exame completo (mapeamento de Retina) até o sexto mês de vida. Esta simples atitude pode detectar precocemente o retinoblastoma e outras doenças oculares. É essencial também que os pais e responsáveis estejam atentos a qualquer alteração nos olhos das crianças e busquem atendimento médico imediato ao notarem sinais suspeitos. O retinoblastoma é uma doença rara, mas que pode ser vencida quando diagnosticada precocemente. Proteger a visão e a vida das crianças deve ser um compromisso de toda a sociedade. Juntos, podemos fazer a diferença na vida desses menores que enfrentam essa batalha.
Dra. Fátima Neri, médica oftalmologista e coordenadora de saúde do Instituto de Cegos da Bahia.
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